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Palavras ditas por Buda (Gautama), há mais de 2500 anos... E ainda hoje são atitudes que precisamos tanto ouvir!! Não acredite em tudo sem analisar!!

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sexta-feira, 11 de setembro de 2009

VOCÊ É O OUTRO

Pergunta: Quero ajudar as pessoas, servi-las. Qual é o melhor jeito?

Krishnamurti: A melhor forma é começar a entender você mesmo e mudar a si próprio. Neste desejo de ajudar alguém, de servir outra pessoa, há um orgulho, uma vaidade escondida. Se você ama, você serve. O clamor de ajudar nasce da vaidade.
Se você quer ajudar outra pessoa, você tem que conhecer a si mesmo, pois você é o outro. Externamente podemos ser diferentes - amarelo, preto, marrom, ou branco - mas somos todos impulsionados pela ansiedade, pelo medo, pela inveja, ou por ambição; interiormente somos bem parecidos. Sem autoconhecimento, como você pode ter conhecimento das necessidades do outro? Sem entender a si mesmo, você não pode entender outra pessoa, servir outra pessoa. Sem autoconhecimento você está agindo na ignorância, e assim criando conflito.Vamos examinar isso. A industrialização está se espalhando rapidamente por todo o mundo, impelida pela avidez e pela guerra. A industrialização pode dar emprego, alimentar mais pessoas, mas qual é o resultado mais amplo? O que acontece às pesssoas altamente desenvolvidas tecnologicamente? Elas serão mais ricas, vai haver mais carros, mais aviões, mais dispositivos eletrônicos, mais apresentação de cinemas, casas maiores e melhores; mas o que acontece às pessoas como seres humanos? Eles se tornam mais e mais rudes, mais e mais mecânicos, cada vez menos criativos. A violência deve se espalhar e o Estado então é a organização da violência. A industrialização pode trazer melhores condições econômicas, mas com os resultados horrorosos: favelas, antagonismos do trabalhador contra o não-trabalhador; o patrão e o escravo, o capitalismo e o comunismo, todo o caótico negócio que tem se espalhado nas diferentes partes do mundo. Dizemos com satisfação que isso irá subir o nível de vida, que a pobreza será erradicada, haverá trabalho, haverá liberdade, dignidade, etc. A divisão entre o rico e o pobre, entre o homem de poder e o que busca o poder - esta divisão e conflito sem fim irá continuar. Qual é o fim disso? O que aconteceu no Ocidente? Guerras, revoluções, ameaça contínua de destruição, desespero total. Quem está levando ajuda para quem e quem está servindo quem? Quando tudo à sua volta está sendo destruído, a pessoa atenta deve investigar as causas mais profunfas, o que tão poucos parecem fazer. Um homem que foi desalojado de sua casa pela explosão de uma bomba, deve invejar o homem primitivo. Você certamente está trazendo civilização para os que são chamados de excluídos, mas a que preço! Você pode estar servindo, mas considere o que vem neste rastro. Mas poucos se dão conta das causas profundas do desastre.

(K - Collected Works, vol III, pgs 218/219)

Biografia de Jiddu Krishnamurti


Biografia de J. Krishnamurti

Jiddu Krishnamurti nasceu na Índia em 1895. Com a idade de 13 anos passou a ser educado pela Sociedade Teosófica, que o considerava um dos grandes Mestres do mundo. Krishnamurti em breve viria a emergir como um Mestre extraordinário e inteiramente descomprometido. As suas palestras e escritos não se ligam a nenhuma religião específica nem pertencem ao Oriente ou ao Ocidente, mas sim ao mundo na sua globalidade:
"Afirmo que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo (...) Tem de encontrá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente, através da observação. (...)"
Durante o resto da sua existência, foi rejeitando insistentemente o estatuto de guia espiritual que alguns tentaram atribuir-lhe. Continuou a atrair grandes audiências por todo o mundo, mas recusando qualquer autoridade, não aceitando discípulos e falando sempre como se fosse de pessoa a pessoa. O cerne do seu ensinamento consiste na afirmação de que a necessária e urgente mudança fundamental da sociedade só pode acontecer através da transformação da consciência individual. A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos, foram por ele constantemente realçadas. K. chamou sempre a atenção para a necessidade urgente de um aprofundamento da consciência, para esse "vasto espaço que existe no cérebro onde há inimaginável energia". Essa energia parece ter sido a origem da sua própria criatividade e também a chave para o seu impacto catalítico numa tão grande e variada quantidade de pessoas.
A Educação foi sempre uma das preocupações de Krishnamurti. Fundou várias Escolas em diferentes partes do mundo onde crianças, jovens e adultos podem aprender juntos a viver um quotidiano de compreensão da sua relação com o mundo e com os outros seres humanos, de descondicionamento e de florescimento interior.
Durante sua vida, K. viajou por todo o mundo falando às pessoas, tendo falecido em 1986, com a idade 90 anos. As suas palestras e diálogos, diários e outros escritos estão reunidos em mais de 60 livros.
Amigos de K., reconhecendo a importância dos seus ensinamentos, estabeleceram Fundações, na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina e na Índia, assim como Centros de Informação, em muitos países do mundo, onde se podem colher informações sobre Krishnamurti e a sua obra. As Fundações têm caráter exclusivamente administrativo e destinam-se não só a difundir a obra de K. mas também a ajudar a financiar as escolas experimentais por ele fundadas.
"Podemos ir longe, se começarmos de muito perto. Em geral começamos pelo mais distante, o "supremo princípio", "o maior ideal", e ficamos perdidos em algum sonho vago do pensamento imaginativo. Mas quando partimos de muito perto, do mais perto, que é nós, então o mundo inteiro está aberto -- pois nós somos o mundo.
Temos de começar pelo que é real, pelo que está a acontecer agora, e o agora é sem tempo." (Krishnamurti)
"Afirmo que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo (...) Tem de encontrá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente, através da observação." (Krishnamurti)
"Estou apenas a ser como um espelho da vossa vida, no qual podeis ver-vos como sois. Depois, podeis deitar fora o espelho; o espelho não é importante." (Krishnamurti)
"... Falamos da vida -- e não de idéias, de teorias, de práticas ou de técnicas. Falamos para que olhe esta vida total, que é também a sua vida, para que lhe dê atenção. Isso significa que não pode desperdiçá-la. Tem pouquíssimo tempo para viver, talvez dez, talvez cinqüenta anos. Não perca esse tempo. Olhe a sua vida, dê tudo para a compreender." (Krishnamurti)

Fonte > http://somostodosum.ig.com.br/blog/blog.asp?id=5204

Krishnamurti


Desejo que os que procuram me compreender sejam livres, não me sigam, não façam de mim a gaiola que se converterá em religião, em seita. Desejo que sejam livres de todos os medos - do medo da religião, do medo da salvação, do medo da espiritualidade, do medo do amor, do medo da morte, do medo da própria vida.

Krishnamurti nasceu em 1895, na Índia, e a partir de 1909, foi educado e preparado durante 18 anos pela Sociedade Teosófica para assumir o papel do Novo Messias (para tal, ele foi colocado como dirigente da “Ordem da Estrela”).No encontro do ano de 1929, em Ommen, na Holanda, quando iria assumir oficialmente o papel de Instrutor do Mundo, diante de uma audiência de 3000 pessoas,Krishnamurti dissolveu a “Ordem da Estrela” e devolveu as doações de propriedades e dinheiro arrecadados para que ele desempenhasse o papel que dele se esperava.

Os membros da Sociedade Teosófica estavam preparados para seguir sejam lá quais fossem os ensinamentos do Novo Messias, menos isso que ele estava dizendo: para descobrirem a verdade por si mesmos. Proferiu o que ficou conhecido como o “Discurso de Ommen”, onde disse que “a verdade é uma terra sem caminho” e que nenhuma organização poderia levar o homem à espiritualidade:“Se uma organização for criada com esse propósito ela se tornará uma muleta, uma fraqueza, uma escravidão, mutilará o indivíduo e o impedirá de crescer, de estabelecer a sua unicidade, que se encontra no descobrimento, por ele mesmo, desta verdade absoluta e incondicional”.

Disse que seu único interesse era libertar o homem: “Desejo que vocês sejam livres de todos os medos – do medo da religião, do medo da salvação, do medo da espiritualidade, de medo do amor, do medo da morte, do medo da própria vida.”

Krishnamurti renunciou totalmente ao papel de Instrutor do Mundo – renunciou a ser representante de uma verdade organizada e passada por outra pessoa – neste sentido, sua visão da verdade era absoluta, cirúrgica. Mas ele nunca disse que não era o “Instrutor do Mundo”. Não deu importância a isso. Não queria seguidores:

“Todos vocês dependem, para sua espiritualidade, de outra pessoa; para a sua felicidade, de outra pessoa, para sua iluminação, de outra pessoa. Quando digo: busquem dentro de vocês a iluminação, a glória, a purificação e a incorruptibilidade do ser, nenhum de vocês se dispõe a fazê-lo. Pode ser que haja uns poucos, mas muito, muito poucos.

Mas aqueles que realmente desejam compreender, que estão buscando o eterno, o sem começo e sem fim, caminharão juntos com maior intensidade, serão um perigo para tudo o que não é essencial, para as irrealidades e as sombras. E eles se concentrarão, tornar-se-ão a chama, porque compreendem. Este é o corpo que precisamos criar e este é o meu propósito. Por causa dessa compreensão real, haverá uma amizade verdadeira. Por causa dessa amizade verdadeira haverá uma cooperação verdadeira da parte de cada um. Não em virtude da autoridade, não em virtude da salvação, mas porque compreendem realmente e, portanto, são capazes de viver no eterno. Isto, sim, é maior que todo o prazer, do que todo o sacrifício.

Meu único propósito é tornar o homem absoluta e incondicionalmente livre."

Krishnamurti passou o resto de sua vida - até morrer, em 1986 – como “hóspede do mundo”, viajando para vários lugares e ficando mais permanentemente nos EUA (Ojai, Califórnia), Inglaterra, Suiça (Saanen) e Índia. Seja onde estivesse, um trabalho profundo na consciência humana ia sendo feito, seja pela sua presença silenciosa ou pelo que dizia. Seus ensinamentos tomaram a forma de palestras públicas (incluindo encontros de perguntas e respostas), ou entrevistas particulares com gente anônima e gente famosa, ou ainda vieram na forma de diálogo com professores, crianças, pais, escritores, estudantes, psicólogos, físicos, profissionais de áreas diferentes.

Falou com cientistas responsáveis por programas nucleares (em Los Alamos), foi convidado a falar na ONU, fazia encontros com estudantes regularmente, falou em universidades. Contou com a colaboração estreita de David Bohm (física quântica). Esteve a par dos acontecimentos mundiais de seu tempo. Não pertencia a qualquer credo ou grupo religioso, social ou político. Todos esses encontros foram escritos, gravados ou filmados para que não houvesse espaço para mediadores. Suas fundações foram criadas apenas com o propósito de disponibilizar esse material registrado, com a advertência explícita que “os ensinamentos têm a autoridade da verdade, e interpretações apenas os distorcem”.


Fonte > http://www.centrokrishnamurti.com.br/?IDSecao=9

A vida têm tantos tesouros


A vida é um fio de navalha e temos que andar por este caminho com cuidado extraordinário e com uma sabedoria flexível.
A vida é tão rica, tem tantos tesouros, nós vamos até ela com o coração vazio; não sabemos como satisfazer nosso coração com a abundância da vida. Somos pobres interiormente, e quando as riquezas nos são oferecidas, nós recusamos. O amor é uma coisa perigosa, ele traz a única revolução que dá felicidade completa. Tão poucos de nós são capazes de amar, tão poucos querem amar.
O amor é um estado de ser no qual todos os problemas são resolvidos. Nós vamos ao poço com um dedal, e assim a vida se torna um negócio de mau-gosto, insignificante e trivial.
Que lugar adorável a terra poderia ser, pois há tanta beleza, tanta glória, tanta amorosidade imperecível. Nós estamos presos na dor e não nos importa sair fora dela, mesmo quando alguém nos aponta uma saída.
Nada pode estragar o amor, pois tudo se dissolve nele – o bom e o mau, o feio e o bonito. É a única coisa que é a sua própria eternidade.
(K - trechos do livro “Cartas a uma jovem amiga”, Edit. Terra sem Caminho, pgs 13 /14)

No silêncio da noite profunda


Se você sentar-se bem quieto debaixo de uma árvore, você poderia sentir a terra antiga com seu mistério incompreensível.
Na noite tranqüila, quando as estrelas estão claras e próximas, você perceberia o espaço se expandindo e a ordem misteriosa de todas as coisas, do imensurável e do nada, do movimento das colinas escuras e do piado da coruja.
Neste silêncio total da mente, este mistério se expande sem tempo e espaço.
Para estar em comunhão com isso, a mente, o todo de você, tem que estar no mesmo nível,ao mesmo tempo, na mesma intensidade do que chamamos de misterioso. Isso é amor.
Com ele, todo mistério do universo se abre.
(trecho extraído do K’s Journal, April 10, 1975)

Existe uma razão para nossa existência?


Do livro: Realização sem esforço - ICK
Pergunta: Afirmam alguns filósofos que a vida tem finalidade e significação; outros, porém, sustentam que a vida puramente acidental e absurda. Que dizeis vós? Negais o valor dos alvos, dos ideais e intenções; mas, sem isso, tem a vida alguma significação?

KRISHNAMURTI: Devemos atribuir tanta importância ao que dizem os filósofos? Certos intelectuais dizem que a vida tem finalidade, significação, enquanto outros dizem que ela é acidental e absurda. Ora, cada um a seu modo, negativa ou positivamente, tanto uns como outros estão conferindo significação à vida, não achais? Um afirma, outro nega, mas essencialmente os dois são iguais. Isso é perfeitamente claro.
Pois bem. Quando perseguis um ideal, um objetivo, ou indagais qual é a finalidade da vida, tal indagação ou busca está baseada no desejo de dar significação à vida, não está? Não sei se estais seguindo isto.
Minha vida é insignificante — suponhamos — e trato, pois de dar-lhe significação. Pergunto: “Qual é a finalidade da vida?” — porque, se a vida tem alguma finalidade, poderei então viver em harmonia com essa finalidade. E, assim, invento ou imagino uma finalidade, ou, pela leitura, pela investigação, pela busca, encontro uma finalidade; estou, por conseguinte, dando significação à vida. Como o intelectual, à sua maneira, dá significação à vida, negando ou afirmando que ela tem finalidade e um significado, nós também atribuímos significação à vida por meio de nossos ideais, da busca de um alvo, de Deus, de Amor, da Verdade. E isso, com efeito, significa que, se não damos significação à vida, nossa existência não terá para nós importância alguma. O viver não nos parece tão bom como desejaríamos que fosse, e por isso desejamos dar significação à vida. Não sei se estais percebendo isto.
Qual é a significação de nossa vida, da vossa e da minha, independentemente dos filósofos? Ela tem alguma significação, ou lhe estamos dando significação pela crença, tal como faz o intelectual que se torna católico, isto ou aquilo, encontrando assim um abrigo? Como seu intelecto reduziu tudo a cacos, ele se vê agora sozinho, desamparado, etc., e não podendo suportar tal estado, necessita de uma crença, no catolicismo, no comunismo, em qualquer coisa que lhe dê alento e dê significação à sua vida.
Agora, pergunto a mim, mesmo: Por que razão queremos uma finalidade? E que significa viver sem finalidade alguma? Compreendeis? Sendo a nossa vida vazia, atribulada, triste, precisamos dar-lhe uma significação. E há possibilidade de ficarmos cônscios de nosso vazio, nossa solidão, nossos sofrimentos, todas as tribulações e conflitos de nossa existência, sem darmos, artificialmente, um significado à vida? Podemos estar cônscios dessa coisa extraordinária que chamamos a vida — que significa ganhar o próprio sustento, que significa inveja, ambições e desenganos — estar cônscios, simplesmente, de tudo isso, sem condenação ou justificação, e passar além? A mim me parece que, enquanto estivermos procurando ou dando uma significação à vida, estaremos perdendo algo de extraordinariamente vital. O mesmo acontece com o homem que quer achar a significação da morte e está constantemente empenhado em racionalizá-la, explicá-la, e impedido, assim, de “experimentar” o que é a morte. Apreciaremos este ponto noutra palestra.
Não nos estamos esforçando, todos nós, para achar mos uma razão para nossa existência? Quando amamos, temos uma razão para isso? Ou é o amor o único estado em que “não há razão de espécie alguma, nem explicação, nem esforço, nem luta para ser alguma coisa?” Talvez desconheçamos esse estado. E, desconhecendo-o, tentamos imaginá-lo, dar uma significação à vida; mas, como nossa mente está condicionada, e, portanto é limitada, superficial, a significação que damos à vida, os nossos deuses, os nossos ritos, os nossos esforços, tudo é também medíocre.
Não importa, pois, que descubramos por nós mesmos qual a significação que damos à vida, se o fazemos? Não há dúvida de que os intentos, os alvos, os Mestres, os deuses, as crenças, os fins em que buscamos nosso preenchimento, são todos inventados pela mente, todos produtos de nosso próprio condicionamento; e, compreendendo-se isto, não é importante “descondicionar” a mente? Quando a mente não está mais condicionada e, por conseguinte, não está dando significação à vida, a vida se torna então uma coisa extraordinária, uma coisa totalmente diferente da estrutura construída pela mente. Mas, primeiro que tudo, precisamos conhecer o nosso condicionamento, não é verdade? E podemos conhecer nosso condicionamento, nossas limitações, nosso fundo, sem procurar forçá-lo ou analisá-lo, sublimá-lo ou reprimi-lo? Pois tal processo implica a entidade que observa e se separa da coisa observada, não é exato? Enquanto houver observador e coisa observada, o condicionamento tem que continuar. Por mais que o observador, o pensador, o censor lute para livrar-se de seu condicionamento, continuará preso nesse condicionamento, uma vez que a divisão entre “pensador” e “pensamento”, “experimentador” e “experiência”, é o próprio fator que perpetua o condicionamento; e é extremamente difícil fazer desaparecer tal divisão, uma vez que aí está presente todo o problema da vontade.
Nossa civilização se baseia na vontade, a vontade de ser, de “vir a ser”, alcançar, realizar; por esta razão, está sempre presente em nós a entidade que quer modificar, controlar, alterar aquilo que observa. Mas há diferença entre aquilo que essa entidade observa, e ela própria, ou ambos são uma só entidade? Aqui está uma coisa que não é para se aceitar irrefletidamente. Ela tem de ser pensada, examinada com muita paciência, delicadeza, cautela, de maneira que a mente não fique mais separada da coisa em que pensa, e o observador e a coisa observada sejam psicologicamente uma só entidade. Enquanto eu continuar psicologicamente separado daquilo que em mim percebo como “inveja”, lutarei para dominar essa inveja; mas esse “eu”, essa entidade que faz esforço para dominar a inveja, é diferente da inveja? Ou são ambos a mesma coisa, e o “eu” só se separou da inveja para dominá-la, porque a inveja é um sentimento doloroso, e por várias outras razões? Mas, justamente esta separação é a causa da inveja.
Talvez não estejais habituados a esse modo de pensar, e o acheis um pouco abstrato. Mas a mente invejosa nunca pode estar tranqüila, porque está sempre comparando, sempre procurando “vir a ser” algo que ela não é; e se nos decidimos a penetrar esse problema da inveja, radicalmente, profundamente, toparemos inevitavelmente com este problema, ou seja se a entidade que deseja libertar-se da inveja não é a própria inveja Ao perceber-se que é a própria inveja que deseja libertar-se da inveja fica então a mente cônscia desse sentimento chamado inveja, sem nenhuma idéia de condená-lo ou libertar-se dele. E, daí, surge outro problema: Há sentimento, se não há verbalização? Pois a própria palavra “inveja” é condenatória, não é verdade? Estou dizendo algo demasiado muito súbito?
Existe sentimento de inveja, se não dou nome a tal sentimento? Pelo próprio fato de lhe dar nome, não estou nutrindo o sentimento? O sentimento e o dar-lhe nome são quase simultâneos, não é verdade? E é possível separá-los de tal maneira, que só se tenha uma sensação de reação, sem nome algum? Se investigardes isso, realmente, vereis que, quando não se dá nome ao sentimento, a inveja se acaba — não simplesmente a inveja que uma pessoa sente porque outra pessoa é mais bela ou tem um carro melhor, ou por outra estupidez qualquer, mas a essência profunda da inveja, a raiz da inveja. Todos somos invejosos, de diferentes maneiras, não há um só que não seja invejoso. Mas a inveja não é apenas a manifestação superficial; ela é aquele senso de comparação que penetra tão fundo e ocupa uma tão grande porção da mente. E para ficarmos radicalmente livres da inveja tem de deixar de existir o “observador” da inveja, que quer libertar-se da inveja.
Krishnamurti – 13 de agosto de 1955 – Ojai (Califórnia) U.S.A.
Ignorante não é aquele que não tem instrução mas sim o que não possui autoconhecimento. Do mesmo modo o letrado torna-se estúpido ao buscar a compreensão na autoridade e o saber dos livros. A compreensão sucede unicamente por via do autoconhecimento, o que representa o conhecimento da totalidade do nosso “processo” psicológico. Desse modo, o verdadeiro sentido da educação consiste na auto-compreensão porquanto todo o indivíduo reúne a totalidade da existência. Krishnamurti in Education and The Significance of Life (1953)

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