A Didática do Autoconhecimento - I
Falei em artigos anteriores sobre a questão das inquietudes espirituais e do autoconhecimento, mas faltou explicar de uma forma mais clara essa questão do autoconhecimento, que farei agora.
Sobre a origem do mundo e da raça humana, o motivo de estarmos aqui, a existência ou não da reencarnação ou mesmo da vida após a morte, cada religião explica a seu modo. Existem algumas diferenças: para os Católicos a salvação da alma depende das obras que fazemos aqui; para os Evangélicos basta aceitar Jesus. Ambos negam a reencarção. Já o Espiritismo mantém alguns preceitos básicos do Cristianismo como aceitar Jesus como o maior Ser que já existiu, o amor a Deus e aos homens e agrega um pouco de esoterismo como a reencarnação e a lei do karma. Religiões mais comuns são exotéricas (exo = externo, um conhecimento muito simples, insipiente); algumas escolas como o Espiritismo e a Teosofia já têm algum conhecimento que se aproxima do esoterismo autêntico, mas ainda falta um ponto importante para chegar a isso.
Falo da Lei da Evolução: a maioria das escolas esotéricas defendem a tese de que todos nós chegaremos à perfeição depois de inúmeras reencarnações. A cada encarnação evoluímos até chegarmos a um momento em que estaremos liberados e não precisaremos mais encarnar. Todas as religiões são pérolas no colar de Deus e têm um papel, mas é um equívoco defender que a evolução vai nos liberar.
O normal é tudo funcionar mecanicamente, num ciclo de involução e evolução. Se a humanidade estivesse em constante evolução, todos os seres humanos seriam perfeitos, mas só ler jornal já nos leva a pensar que o mundo está cada vez mais louco... como disse o Renato Russo: "nos deram espelhos e vimos um mundo doente".
Uma pessoa evolui quando nasce, até um certo ponto. Depois de uma certa idade passa a envelhecer. Há evolução no bebê que está crescendo e aprendendo a andar e involução no idoso que já passa a ter dificuldade para realizar tarefas que antes eram simples. Não foi preciso nenhum esforço para crescer; foi algo automático, mecânico; assim, o envelhecimento não é algo proposital. O mesmo ocorre com nossa evolução espiritual, a evolução da nossa alma. Ela não acontece mecanicamente. Seguimos a roda do Sansara: um ciclo de inúmeras mortes e reencarnações, com repetição dos mesmos acontecimentos da vida anterior na vida atual. A simples mecânica, a evolução e involução que ocorrem em ciclos não liberta ninguém dessa roda. É preciso um trabalho consciente com esse objetivo.
O Buda Sidharta Gautama era filho de um sacerdote brâhme; vivia no meio da riqueza e foi educado com a crença na reencarnação. Quando via alguém doente para morrer lhe diziam que não havia problema pois essa pessoa reencarnaria. Então se perguntou "para que reencarnar? Para passar pela doença inúmeras vezes? Qual é o sentido de tudo isso?" E abandonou a mulher e o filho, além de toda a riqueza material que tinha para viver na floresta entre os samanas. Acabou seguindo seu caminho sozinho e atingiu a iluminação. Sabemos que ele foi um grande iluminado que espalhou uma doutrina que se conserva até hoje, depois de milhares de anos. O mesmo caminho tiveram Jesus, Krishna, Moisés e outros grandes Iniciados que iluminaram o mundo com tanta sabedoria. É impossível não ler um pouco do Evangelho e perceber a grande sabedoria que Jesus tinha.
Outros grandes seres da humanidade também eram Iniciados, como Beethoven, Mozart, Leonardo da Vinci, Parecelso, Joana DArc, Maria Madalena, Hermes Trismegisto... Todas essas pessoas não aceitaram simplesmente viver, como todo mundo, simplesmente nascer, trabalhar e morrer, sem anelar saber nada sobre o real motivo de estar aqui. Buscaram o conhecimento e com ele obtiveram mais do que isso: amor pelas pessoas e sabedoria autêntica que são virtudes da alma humana e os permitiram realizar obras pelas quais são lembrados depois de séculos.
Poucas são as pessoas que têm a inquietude espiritual. O que ocorre é nosso Deus interno que decide se vamos ou não buscar o trabalho da revolução da consciência. Quando quer joga a inquietude na pessoa que não sossega enquanto não descobrir seu caminho interior. Nossa alma sente uma angústia enquanto não descobrimos nosso caminho interior, que é comum tentar "abafar". Quando somos sinceros conosco mesmos acabamos investigando, pesquisando até encontrar esse caminho.
O desenvolvimento espiritual nos dá as virtudes da alma (pois é ela que se desenvolve) nos dando muitas habilidades naturais e qualidades como pessoa.
Em resumo, as pessoas que não têm a inquietude e apenas vivem normalmente, sem pensar em algo superior podem aprender, com o tempo, a ajudar os outros, a se tornarem pessoas cada vez melhores, mas inevitavelmente vão retornar a esse mundo. Outras buscam o caminho da Revolução da Consciência que provoca, além da libertação desse ciclo "nasce, morre, nasce, morre", a aquisição de grande sabedoria, amor e faculdade internas, se tornando um grande Ser. A maioria dos grandes seres da História eram Iniciados.
Você deve estar pensando agora "Que papo estranho esse de Revolução da Consciência, desenvolvimento espiritual? Deve ser mais uma das maluquices que existem por aí aos montes, mais uma teoria furada, que não vai levar a nada". É o pensamento mais comum quando aparece um ensinamento diferente; além disso, é comum pensar que não existe maneira nenhuma de passar de crente para gnóstico (do grego, gnosis = conhecimento), sobre alguém que acredita em algumas coisas que estão além do mundo físico e sobre quem sabe por sua própria experiência. A maioria das pessoas diz que por experiência própria, essas coisas da vida e da morte ninguém sabe... Mas não é verdade. Existe uma forma de descobrir tudo isso por nossa própria experiência, que vou explicar aqui.
Quem se propuser sinceramente a praticar obterá resultados e vai se dar conta que esse não é "só mais um ensinamento".
Para entender a Psicologia Gnóstica, é preciso primeiro saber o que é a Personalidade, a Essência e o Ego.
O conceito esotérico de Ego (não me refiro ao conceito freudiano, que é diferente) foi introduzido no ocidente por Gurdjieff e Peter Ouspensky (que escreveu um livrinho muito bom chamado "Psicologia da Evolução Possível ao Homem"), conceito que Gudjieff aprendeu dos mestres sufis. Em resumo, Ego são inúmeros agregados psíquicos que representam nossos defeitos psicológicos, divididos nos 7 pecados capitais. Há eus da lúxuria, ira, orgulho,inveja, cobiça, preguiça e gula. Samael Aun Weor nos deu nos livros "Tratado de Psicologia Revolucionária", "A Grande Rebelião" e "A Revolução da Dialética", uma boa explicação sobre o que é o Ego e porque e como deve ser eliminado, além dos inúmeros benefícios que isso proporciona.
Explicarei isso de forma mais resumida no artigo seguinte, mas recomendo fortemente a leitura dos livros que citei acima, junto com "O Matrimonio Perfeito" e "As Três Montanhas". Podem ser baixados no site www.gnosisonline.org ou comprados nos sites www.moria.org.br e www.agni.com.br.
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