Algumas situações irritam ou desafiam você de alguma maneira e parecem se repetir constantemente na sua vida?
Muitas vezes, isso significa ter que evitar pessoas com personalidades difíceis de lidar, ou confrontar-se com a perda de pessoas ou coisas que estimamos, ou ter que ir ao médico porque algo mudou no nosso corpo e precisa ser verificado.
Muitos de nós fomos orientados pelos nossos pais e professores a evitar conflitos, que nós deveríamos abandonar ou nos afastar de situações que poderiam nos incomodar ou que seriam potencialmente perigosas.
Nós podemos achar que a melhor estratégia seja afastar-se de situações desafiadoras, quando possível.
Na verdade, afastar-se pode significar fugir mas, com muito mais frequência, isso é figurativo – a fuga não tende a ser nossa primeira reação.
Nós nos acalentamos com um diálogo interno defensivo, quando nossa consciência dói.
Nós nos justificamos com perguntas que fazemos para aliviar a nossa consciência: "Por que eu não deveria simplesmente evitar pessoas com hábitos ou traços de personalidade que são irritantes? Por que eu deveria me manter em situações que estão me causando dor ou desconforto? Será que é sensato que alguém espere que eu enfrente essa situação, quando eu não tenho que fazê-lo? Quem tem o direito de determinar que há benefícios em se fazer isso?
Quem tem o direito de me julgar e de esperar que eu enfrente essas coisas, quando eu posso escolher me afastar delas – afinal, eu sou apenas humano!"
Os maiores desafios que enfrentamos são os desafios internos: os demônios e duendes que sustentamos, como o diálogo interno negativo que nos diz que vamos fracassar ao tentarmos qualquer coisa nova ou diferente. Então, nos convencemos de que é melhor sermos pessimistas porque, assim, pelo menos, nunca ficamos decepcionados! Nesse extremo, pode ser que continuemos em situações que nos enfraqueçam e nos roubem a oportunidade de preencher nosso potencial, ou seja, situações nas quais ficamos infelizes. Nosso medo vem em muitos disfarces; ele pode nos privar de nos conhecermos, ao obscurecer nossos pensamentos.
O medo nos faz perder a confiança em nós mesmos e nos afasta daquilo que mais estimamos – nossos valores e tudo que nos é precioso.
É uma jornada para longe da nossa verdade. O medo é uma forma de defesa e muitos dos diferentes mecanismos que usamos para enfrentá-lo tornaram-se inadequados e contraditórios ao nosso desenvolvimento pessoal e à nossa felicidade.
Algo interessante é que o Poder de Enfrentar também é necessário quando estamos diante de uma situação que promove um "desconforto que é familiar", com o qual é mais fácil conviver do que mudar a situação. É o Poder de Enfrentar que pode nos ajudar a enfrentar uma situação diferente, promovendo mudanças.
As situações e experiências que evitamos continuamente retornam a nós em diferentes disfarces. Até que o padrão se torne óbvio para nós, pode ser que haja diversas ocasiões, durante dias, semanas ou mesmo anos. Então, começamos a nos sentir vítimas das circunstâncias. Por que é que sempre apontamos para o chefe que nos deprecia em público ou ganha crédito com nossas ideias? Por que somos incapazes de aceitar a amizade oferecida por pessoas que encontramos? Por que achamos difícil fazer novas amizades? Quais são os gatilhos que nos fazem perder o controle ou ficar mal-humorados em certas situações? Nosso típico diálogo interno defensivo pode seguir a ideia de que "eu não sou responsável por nenhuma dessas coisas que estão acontecendo comigo"; "esses sentimentos são emoções humanas normais"; ou "muitas pessoas que eu conheço são piores nisso do que eu"; e assim por diante.
Como podemos nos livrar desses ciclos que parecem nos confrontar cada vez mais? Como podemos deixar de sermos vítimas de situações e circunstâncias e tomar, outra vez, o controle das nossas vidas? A meditação Raja Yoga, como é ensinada pela Brahma Kumaris, nos ensina que somos os criadores de nossos pensamentos, os quais, como consequência, influenciam nossas emoções e sentimentos. Sendo assim, somos também capazes de mudar nossa maneira de pensar. Contudo, precisamos primeiramente ser corajosos para enfrentar a nós mesmos, nosso diálogo interno negativo e nossos demônios.
O medo (em inglês, FEAR) foi descrito como "False Expectations Appearing Real" (Expectativas falsas que parecem reais). A verdade é que o medo do que encontraremos quando nos depararmos com o nosso eu verdadeiro é maior que a realidade.
O Raja Yoga nos diz que todos nós, seres humanos, temos as cinco qualidades eternas: amor, paz, sabedoria, felicidade e pureza.
Na meditação, podemos nos colocar sob a superfície e começar a enfrentar os demônios e duendes.
Como encontramos coragem para começar a fazer essa viagem interior?
De um modo geral, nosso desejo de transformar nossas circunstâncias e sentimentos é o nosso primeiro motivador para o primeiro passo rumo ao confronto dos nossos medos.
A viagem requer que olhemos internamente para encontrar a causa original dos nossos medos. É claro que não podemos admitir ou reconhecer nossa resistência, se nos basearmos no medo. Pode ser que rotulemos nossos comportamentos como uma preferência pessoal, uma tendência, o direito de escolha, etc. A honestidade com nós mesmos nos leva à verdade mais profunda que confronta nossa própria disposição a nos autoludibriar.
Esse poder, portanto, requer coragem e honestidade. Essas duas qualidades são parceiras, que nos levarão ao sucesso nas nossas batalhas pessoais para enfrentar quaisquer situações, personalidades ou outros desafios que surgem diante de nós.
Quando estamos buscando clareza, a coragem e honestidade podem, também, nos resguardar das farsas das ilusões.
A coragem e a honestidade poderão agir como estabilizadores para nós, quando o nosso pensamento inicial for o de recuar, ou tornar-se agressivo ou violento, impulsionado por uma reação egoísta, criando, assim, mais conflito e carma negativo.
Em vez disso, com uma nova consciência, podemos perguntar: "O que eu posso trazer para essa situação que a fará melhorar?" Podemos, então, mudar de alguém que é alvo de experiências negativas em uma pessoa que traz positividade a essas experiências.
O mínimo que pode acontecer é que não vamos mais temer a situação. Com mais frequência, o que também acontece é que começamos a desenvolver fé em nós mesmos e, para aqueles entre nós que acreditam em Deus, fé em Deus também. Essa recém descoberta fé em si mesmo leva a uma maior autoestima, dignidade e autoconfiança.
Como é que sabemos quando utilizamos o Poder de Enfrentar de forma bem-sucedida?
Deve haver diversos indicadores que sugerem em que grau nós superamos algum desafio.
Por exemplo, será que permanecemos em uma situação em que, no passado, teríamos atuado de modo a evitá-la? Somos, agora, capazes de observar uma situação sem que, de alguma forma, nos sintamos vítimas? Tomamos uma decisão, em vez de adiá-la? Pode ser que a situação não tenha mudado, mas os nossos sentimentos e reações mudaram e, agora, ela não mais nos influencia, de nenhuma maneira.
Só nós conhecemos a realidade do nosso sucesso e somos, muitas vezes, o melhor juiz – assim como somos o melhor juiz em reconhecer aquilo em que, antes, éramos incapazes de enfrentar. Quando exercitamos esse poder, somos capazes de trazer luz a situações que antes eram obscuras. Ele investiga as nossas dúvidas, questiona a origem de emoções muito intensas e nos auxilia em nosso caminho para a autorrealização.
Começamos, então, a desenvolver nossa capacidade de enfrentar o maior dos nossos demônios internos e a dar boas vindas a situações que, anteriormente, pareceriam impossíveis e esmagadoras.
(Por Juliette Brown)
Nenhum comentário:
Postar um comentário