Na vida, é preciso coragem para cumprirmos nossa missão...
– Oh, não – respondeu, assustada, a vela. – Se me acenderes, meus dias estarão contados. Jamais ninguém poderá ver a beleza da minha forma e da minha cor…
O fósforo, então, confuso, perguntou à vela:
– Queres permanecer o resto de tua vida fria, dura e sem ser acesa?
– Mas ser acesa? Arder? Isso dói e consome minha força, – murmurou a vela, lamentando-se, cheia de medo.
– Tens razão, respondeu o fósforo. – Mas esse é o mistério de tua vida e de tua nobre missão. Tu e eu fomos criados para ser luz. O que posso fazer, como fósforo, é muito pouco. Mas, ao passar meu fogo para ti, cumpro o sentido de minha vida. Fizeram-me exatamente para isso: acender o fogo. Tu, por sua vez, és vela. Tua missão é irradiar luz. Enquanto te consomes, tua dor e tua energia se transformarão em luz e calor, e, por isso, necessitamos de ti e não iremos, jamais, esquecer-te. Outras velas levarão adiante a luz, mas se tu recusares, morrerás e serás esquecida.
A vela, nesse instante da conversa, abriu os olhos amplamente e, apontando firmemente para o seu pavio, disse ao fósforo, ainda que tremendo:
– Por favor, acende-me.
Parábola extraída do livro AS MAIS BELAS PARÁBOLAS DE TODOS OS TEMPOS - Volume 2, Alexandre Rangel, Editora Leitura
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